QUESTÃO CANÔNICA
INTRODUÇÃO
A questão
de quais livros pertence à Bíblia é chamada questão canônica. A palavra cânon significa régua, vara de medir,
regra, e, em relação à Bíblia, refere-se à coleção de livros que passaram pelo
teste de autenticidade e autoridade; significa ainda que esses livros são nossa
regra de vida. Veremos como foi formada esta coleção, e como chegou até nós.
Veremos
também, os livros que não obtiveram aprovação, mas comporão outras coleções e
que estão no meio de nós, os Apócrifos.
1. Questão Canônica
Em primeiro lugar é importante lembrarmos que certos livros já eram canônicos antes de qualquer teste lhes ser aplicado. Isto é como dizer que alguns alunos são inteligentes antes mesmo de se lhes ministrar uma prova. Os testes apenas provam aquilo que intrinsecamente já existe. Do mesmo modo, nem a Igreja nem os concílios eclesiásticos jamais concederam canonicidade ou autoridade a qualquer livro; o livro era autêntico ou não no momento em que foi escrito. A Igreja ou seus concílios reconheceu certos livros como Palavra de Deus e, com o passar do tempo, aqueles assim reconhecidos foram colecionados para formar o que hoje chamamos de Bíblia.
Os Testes de Canonicidade
1) Havia o teste da autoridade do escritor. Em relação ao A.T., isto significava a autoridade do legislador, ou do profeta, ou do líder
2) Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter peculiar, inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria de demonstrar ao leitor como algo diferente de qualquer outro livro por comunicar a revelação de Deus.
3) O veredicto das igrejas quanto à natureza
canônica dos livros era importante. Na verdade, houve uma surpreendente
unanimidade entre as primeiras igrejas quanto aos livros que mereciam lugar
entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livros bíblicos tenham sido
recusados ou questionados por alguma minoria, nenhum livro cuja autenticidade
foi questionada por um número grande de igrejas veio a ser aceito
posteriormente como parte do cânon.
A Formação do Cânon
O cânon da Escritura estava-se formando, é claro, à medida que cada livro era escrito, e completou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da “formação” do cânon estamos realmente falando do reconhecimento dos livros canônicos pela Igreja. Esse processo levou algum tempo. Alguns afirmam que todos os livros do A.T. já haviam sido colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século AC. Referências nos escritos de Flávio Josefo (95 DC) e em 2 Esdras 14 (100 DC) indicam a extensão do cânon do A.T. como os 39 livros que hoje aceitamos. A discussão do chamado Sínodo de Jamnia (70-100 DC) parece ter partido deste cânon. Nosso Senhor delimitou a extensão dos livros canônicos do A.T. quando acusou os escribas de serem culpados da morte de todos os profetas que Deus enviara a Israel, de Abel a Zacarias (Lc 11.51). O relato da morte de Abel está, é claro, em Gênesis; o de Zacarias se acha em 2 Crônicas 24.20,21, que é o último livro na disposição da Bíblia hebraica (em lugar de nosso Malaquias). Para nós, é como se Jesus tivesse dito: “Sua culpa está registrada em toda a Bíblia - de Gênesis a Malaquias”. Ele não incluiu qualquer dos livros apócrifos que já existiam em Seu tempo e que continham relatos das mortes de outros mártires israelitas.
O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os 27 livros do N.T. foi o concílio de Cartago, em 397 DC. Alguns livros do N.T., individualmente, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito antes disso (2Pe 3.16; 1Tm 5.18) e a maioria deles foi aceita como canônica no século posterior ao dos apóstolos (Hebreus, Tiago, 2Pedro, 2 e 3 João e Judas foram debatidos por algum tempo). A seleção do cânon foi um processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor, passando pelos testes de canonicidade.
Os doze livros apócrifos do A.T. jamais foram aceitos pelos judeus ou por nosso Senhor no mesmo nível de autoridade dos livros canônicos. Eles eram respeitados, mas não foram considerados como Escritura. A Septuaginta (versão grega do A.T. produzida entre o terceiro e o segundo século AC) incluiu os apócrifos com o A.T. canônico. Jerônimo (c. 340 - 420 DC), ao traduzir a Vulgata, distinguiu entre os livros canônicos e os eclesiásticos (que eram os apócrifos), e essa distinção acabou por conceder-lhe uma condição de canonicidade secundária. O Concílio de Trento (1548) reconheceu-os como canônicos, embora os reformadores tenham rejeitado tal decreto. Em algumas versões protestantes dos séculos XVI e XVII, os apócrifos foram colocados à parte.
O Texto de Que Dispomos É Confiável?
Os manuscritos originais do A.T. e suas primeiras cópias foram escritos em pergaminhos ou papiro, desde o tempo de Moisés (c.
Outros instrumentos antigos de verificação do texto hebraico incluem a Septuaginta (tradução grega preparada em meados do terceiro século AC), os targuns aramaicos (paráfrases e citações do A.T.), citações em autores cristãos da antiguidade, a tradução latina de Jerônimo (a Vulgata, c. 400 DC), feita diretamente do texto hebraico corrente em sua época. Todas essas fontes nos oferecem dados que asseguram um texto extremamente exato do A.T.
Mais de 5.000 manuscritos do N.T. existem ainda hoje, o que o torna mais bem documentado dos escritos antigos. O contraste é surpreendente.
Além de existirem muitas cópias do N.T., muitas delas pertencem a uma data bem próxima à dos originais. Há aproximadamente setenta e cinco fragmentos de papiro datados de 135 DC até o oitavo século, possuindo partes de 25 dos 27 livros, num total de 40% do texto. As muitas centenas de cópias feitas em pergaminho incluem o grande Códice Sinaítico (quarto século), o Códice Vaticano (também quarto século) e o Códice Alexandrino (quinto século). Além disso, há cerca de 2.000 lecionários (livretos de uso litúrgico que contêm porções das Escrituras), mais de 86.000 citações do N.T. nos escritos dos Pais da Igreja, antigas traduções latinas, siríaca e egípcia, datadas do terceiro século, e a versão latina de Jerônimo. Todos esses dados, mais o trabalho feito pelos estudiosos da paleografia, arqueologia e crítica textual, nos asseguram possuirmos um texto exato e fidedigno no N. Testamento.
2. APÓCRIFOS:
Livros Que Contrariam os Critérios da Inspiração.
Livros Que Contrariam os Critérios da Inspiração.
Os livros apócrifos, entre outras
deficiências, apresentam as
seguintes:
- Os apócrifos não reivindicam ser
proféticos.
- Contêm erros históricos (ver Tobias 1:3-5 e 14:11) e graves heresias, como a oração pelos mortos (2Macabeus12:45,46;4).
- Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos.
- Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.
- Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.
- O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, recusou-os terminantemente.
- A comunidade judaica nunca mudou de opinião quanto aos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor a eles atribuído, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.
- Contêm erros históricos (ver Tobias 1:3-5 e 14:11) e graves heresias, como a oração pelos mortos (2Macabeus12:45,46;4).
- Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos.
- Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.
- Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.
- O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, recusou-os terminantemente.
- A comunidade judaica nunca mudou de opinião quanto aos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor a eles atribuído, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.
A inclusão:
Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento, ela
inclui uma série de livros que os protestantes chamam de “Apócrifos” mas os
católicos de “Deuterocanônicos”, os quais não aparecem nas versões evangélicas
e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que na opinião popular dos
católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra protestante. Mas
semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita)
de Deus. Em suas línguas originais (o hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e
igual para todos. O que nem sempre é igual são as versões ou traduções dela aos
diferentes idiomas. Neste estudo iremos mostrar porque nós, cristãos
evangélicos, não aceitamos os chamados, “Livros Apócrifos”, e conseqüentemente
rejeitamos com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros
possuem canonicidade e inspiração divina.
Natureza e número
dos apócrifos do Antigo Testamento
Há
quinze livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a
Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras,
esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e
compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo.
Significado da
palavra CÂNON e CANÔNICO
CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez 40:3; e no grego:
“kanón” em Gl 6:16”), tem sido traduzido em nossas versões em português como,
“regra”, “norma”.
CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.
Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa “escritos falsos” - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou heréticos.
CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.
Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa “escritos falsos” - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou heréticos.
DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS,
PROTESTANTES E CATÓLICAS
Diferenças Básicas:
1.
Bíblia Hebraica - [a Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do V.T.
b) Rejeita os 27 do N.T. como inspirado, assim como rejeitou Cristo.
c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica Romana)
2. Bíblia Protestante :
a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27
do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos.
3. Bíblia Católica :
a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do
N.T.
b) Inclui na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel.
b) Inclui na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel.
IBAD – INSTITUTO BIBLICO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
PINDAMONHANGABA - 2004
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